segunda-feira, 11 de junho de 2012

NÃO FALTA DINHEIRO, FALTA COMPROMISSO


            Esse é o tema do artigo publicado na revista Época em 4 de julho de 2012. Os autores são Jair Ribeiro e Ana Maria Diniz. O primeiro, escreveu um livro muito interessante há alguns anos chamado “A cabeça dos brasileiros” onde ele faz uma correlação do grau de escolaridade com os aspectos éticos da vida em sociedade.

            Mas o presente artigo é voltado para as questões da Educação no Brasil. E como professor de escola pública posso dizer que eles tem toda a razão, infelizmente. O Ensino Público do Fundamental e Médio vão mal e tendem a piorar. As idéias que se seguem na verdade fazem parte do artigo em questão e somente são comentadas por este que lhes escreve.

            O Brasil é o quinto país dos 56 países do mundo que testados apresentou os piores resultados educacionais de acordo com a avaliação  da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. E a continuar da forma que está a Educação tende a piorar ainda mais.

            Vale lembrar que os Estados Unidos fez uma grande reforma educacional em 1870, há cerca de 140 anos. Jogou fora os valores e processos ultrapassados e buscou  a eficiência. Em 1900, eliminaram o analfabetismo.

            E nós? Estamos formando alunos semi-analfabetos no ensino médio, que não sabe o elementar da Língua Portuguesa e da Matemática.

            A Coréia, já em 1970 fez uma reforma no Ensino e o resultado foi uma elevação significativa do PIB. Mais recentemente a China também fez suas mudanças educacionais. Infelizmente, aqui no Brasil a classe predominante das escolas públicas – que na maioria das vezes são os menos favorecidos - não reconhece a péssima qualidade da nossa Educação, são ludibriados pelos políticos.

             O projeto de inclusão total não significa uma melhoria. Simplesmente adotou-se um critério de colocar todo mundo nas escolas mas sem acompanhamento, planejamento, eficiência, nada, nada. O que se vê hoje nas escolas públicas – aonde leciono há 30 anos – é lastimável: desinteresse dos pais, professores e alunos, na maioria de um modo geral. Professores com métodos arcaicos, pois não acompanharam as evoluções tecnológicas e uma alta indisciplina por parte dos alunos, que não conhecem limites. Existem ótimos alunos ainda, obviamente, mas eles são “engolidos” pelo sistema e não têm vez.

            O governo fornece livro de graça para todos, salas de informática, métodos avaliativos, e muitas outras coisas a mais. Mas vejamos: o aluno de um modo geral, está pouco ligando para o livro. Muitos nem levam o livro para a escola e muitos professores nem os utilizam como deveriam.

            As salas de informática que conheço, bem como os laboratórios ficam fechados e quase ninguém os utiliza. E a cada ano a escola recebe novos computadores e descartam os antigos  pois não há um planejamento de utilização racional dos equipamentos e, quando os alunos os utilizam, o que acontece raramente, querem é baixar músicas, ver vídeos que nada tem de salutar, conversar no facebook, hotmail ou Orkut, ver suas fotos, etc. Não sabem utilizar o computador como ferramenta de pesquisa, de aprendizagem de novos programas educacionais que são oferecidos gratuitamente na internet. Quanto às provas que o Governo aplica nas escolas não surtem o efeito esperado, pois os alunos estão pouco ligando se conseguem sobressair ou não. Preocupam-se em responder rápido para ir embora mais cedo, colar do colega ou simplesmente “chutar” as respostas sem nenhuma responsabilidade.

            No artigo em questão, conta-se que 12 especialistas propuseram algumas alterações para melhorar o ensino no Brasil. Citaremos as principais:

a)    Revisar o conteúdo do currículo e revisar a abordagem pedagógica. Muitos conteúdos estudados hoje não servem para nada na vida da maioria dos alunos, não tem nenhuma apllicabilidade e praticidade;

b)    Criar matérias optativas no ensino médio. Muitas vezes o aluno estuda uma disciplina que não lhe interessa e nem terá nenhuma validade na sua vida profissional;

c)    Criar infraestrutura para funcionamento efetivo dos laboratórios de informática e Ciências. Além do caso da informática, já citado, o aluno precisa aprender situações práticas que lhe irão valer para o resto da vida. Não falamos só de experiências de Ciências, Física, Química e Biologia nos laboratórios, mas também de regras de convivência, de boas maneiras, de Ética e conduta;

d)    Dar ênfase ao ensino de Língua Portuguesa e Matemática. Muitos alunos não sabem multiplicar, somar, diminuir  e dividir. Muito menos interpretar textos, escrever uma redação ou uma simples carta;

e)    Utilizar novas tecnologias educacionais;

f)       Fortalecer a cultura de avaliação e acompanhamento do desempenho dos alunos;

g)    Criar equipes de acompanhamento da Gestão Pedagógica;

h)    Investir na profissão do professor, valorizando-o de modo que ele possa viver dignamente com o salário de uma única escola e possa dedicar mais do seu tempo no acompanhamento da aprendizagem;

i)        Eliminar os concursos públicos que criam estabilidade no emprego e contratar pelo regime da CLT;

j)        Criar mecanismos de meritocracia onde a valorização do professor estará atrelada ao desempenho do aluno nas fases posteriores. Nesse item, creio que o melhor seria avaliar o aluno como faz o candidato à carteira de habilitação no trânsito: ele pode freqüentar qualquer escola, mas para estar apto a dirigir precisa ser avaliado por uma equipe externa. Nesse ponto, creio que o ENEM ou algo semelhante é que deveria valer como condição para a aprovação do aluno. Se ele não conseguir uma nota mínima ele não é aprovado.



Finalmente, eles fazem menção no artigo ao comprometimento e competência do diretor. É preciso ter bons diretores, que conheçam de gestão e estejam realmente envolvidos com o processo e resultados.

E o artigo termina com essas palavras: “ Podemos e temos de sonhar em transformar nosso sistema de ensino num dos melhores do mundo. Dinheiro não falta. Faltam sim vontade política e competência. Precisamos colocar a Educação como prioridade absoluta de Estado.”
(Carlos A Santos - professor de Matemática)

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