Esse é o tema do artigo publicado na
revista Época em 4 de julho de 2012. Os autores são Jair Ribeiro e Ana Maria
Diniz. O primeiro, escreveu um livro muito interessante há alguns anos chamado
“A cabeça dos brasileiros” onde ele faz uma correlação do grau de escolaridade
com os aspectos éticos da vida em sociedade.
Mas o presente artigo é voltado para
as questões da Educação no Brasil. E como professor de escola pública posso
dizer que eles tem toda a razão, infelizmente. O Ensino Público do Fundamental
e Médio vão mal e tendem a piorar. As idéias que se seguem na verdade fazem
parte do artigo em questão e somente são comentadas por este que lhes escreve.
O Brasil é o quinto país dos 56
países do mundo que testados apresentou os piores resultados educacionais de
acordo com a avaliação da Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. E a continuar da forma que está
a Educação tende a piorar ainda mais.
Vale lembrar que os Estados Unidos
fez uma grande reforma educacional em 1870, há cerca de 140 anos. Jogou fora os
valores e processos ultrapassados e buscou
a eficiência. Em 1900, eliminaram o analfabetismo.
E nós? Estamos formando alunos
semi-analfabetos no ensino médio, que não sabe o elementar da Língua Portuguesa
e da Matemática.
A Coréia, já em 1970 fez uma reforma
no Ensino e o resultado foi uma elevação significativa do PIB. Mais
recentemente a China também fez suas mudanças educacionais. Infelizmente, aqui
no Brasil a classe predominante das escolas públicas – que na maioria das vezes
são os menos favorecidos - não reconhece a péssima qualidade da nossa Educação,
são ludibriados pelos políticos.
O projeto de inclusão total não significa uma
melhoria. Simplesmente adotou-se um critério de colocar todo mundo nas escolas
mas sem acompanhamento, planejamento, eficiência, nada, nada. O que se vê hoje
nas escolas públicas – aonde leciono há 30 anos – é lastimável: desinteresse
dos pais, professores e alunos, na maioria de um modo geral. Professores com
métodos arcaicos, pois não acompanharam as evoluções tecnológicas e uma alta
indisciplina por parte dos alunos, que não conhecem limites. Existem ótimos
alunos ainda, obviamente, mas eles são “engolidos” pelo sistema e não têm vez.
O governo fornece livro de graça
para todos, salas de informática, métodos avaliativos, e muitas outras coisas a
mais. Mas vejamos: o aluno de um modo geral, está pouco ligando para o livro.
Muitos nem levam o livro para a escola e muitos professores nem os utilizam
como deveriam.
As salas de informática que conheço, bem como os laboratórios ficam fechados e quase ninguém os utiliza. E a cada ano a escola recebe novos computadores e
descartam os antigos pois não há um
planejamento de utilização racional dos equipamentos e, quando os alunos os
utilizam, o que acontece raramente, querem é baixar músicas, ver vídeos que
nada tem de salutar, conversar no facebook, hotmail ou Orkut, ver suas fotos,
etc. Não sabem utilizar o computador como ferramenta de pesquisa, de
aprendizagem de novos programas educacionais que são oferecidos gratuitamente
na internet. Quanto às provas que o Governo aplica nas escolas não surtem o efeito esperado, pois os alunos estão pouco ligando se conseguem sobressair ou não.
Preocupam-se em responder rápido para ir embora mais cedo, colar do colega ou
simplesmente “chutar” as respostas sem nenhuma responsabilidade.
No artigo em questão, conta-se que
12 especialistas propuseram algumas alterações para melhorar o ensino no
Brasil. Citaremos as principais:
a) Revisar o conteúdo do currículo e revisar
a abordagem pedagógica. Muitos conteúdos estudados hoje não servem para nada na
vida da maioria dos alunos, não tem nenhuma apllicabilidade e praticidade;
b) Criar matérias optativas no ensino médio.
Muitas vezes o aluno estuda uma disciplina que não lhe interessa e nem terá
nenhuma validade na sua vida profissional;
c) Criar infraestrutura para funcionamento
efetivo dos laboratórios de informática e Ciências. Além do caso da
informática, já citado, o aluno precisa aprender situações práticas que lhe
irão valer para o resto da vida. Não falamos só de experiências de Ciências,
Física, Química e Biologia nos laboratórios, mas também de regras de
convivência, de boas maneiras, de Ética e conduta;
d) Dar ênfase ao ensino de Língua Portuguesa
e Matemática. Muitos alunos não sabem multiplicar, somar, diminuir e dividir. Muito menos interpretar textos,
escrever uma redação ou uma simples carta;
e) Utilizar novas tecnologias educacionais;
f) Fortalecer a cultura de avaliação e
acompanhamento do desempenho dos alunos;
g) Criar equipes de acompanhamento da Gestão
Pedagógica;
h) Investir na profissão do professor,
valorizando-o de modo que ele possa viver dignamente com o salário de uma única
escola e possa dedicar mais do seu tempo no acompanhamento da aprendizagem;
i)
Eliminar
os concursos públicos que criam estabilidade no emprego e contratar pelo regime
da CLT;
j)
Criar
mecanismos de meritocracia onde a valorização do professor estará atrelada ao
desempenho do aluno nas fases posteriores. Nesse item, creio que o melhor seria
avaliar o aluno como faz o candidato à carteira de habilitação no trânsito: ele
pode freqüentar qualquer escola, mas para estar apto a dirigir precisa ser
avaliado por uma equipe externa. Nesse ponto, creio que o ENEM ou algo
semelhante é que deveria valer como condição para a aprovação do aluno. Se ele
não conseguir uma nota mínima ele não é aprovado.
Finalmente, eles fazem menção no artigo ao
comprometimento e competência do diretor. É preciso ter bons diretores, que
conheçam de gestão e estejam realmente envolvidos com o processo e resultados.
E o artigo termina com essas palavras: “
Podemos e temos de sonhar em transformar nosso sistema de ensino num dos
melhores do mundo. Dinheiro não falta. Faltam
sim vontade política e competência. Precisamos colocar a Educação como
prioridade absoluta de Estado.”
(Carlos A Santos - professor de Matemática)
(Carlos A Santos - professor de Matemática)